2019 assina nova colheita de branco e grande ano de 2017 o tinto
A actual conjuntura de Portugal e do Mundo impera que nos unamos no combate à pandemia de COVID-19. É-nos pedido que fiquemos em casa, mas com a máxima positividade possível. Para quem é enófilo, um copo de vinho ajuda, e muito. A Real Companhia Velha lançou recentemente a nova colheita do seu ‘Evel’ branco (2019), que se veio juntar ao tinto de 2017, para uma dupla de sólida reputação.
Com uma distribuição alargada, de Norte a Sul do país e ilhas, pela presença em super e hipermercados e em lojas e garrafeiras (agora, mais do que nunca, apostadas no comércio on-line), mas também em restaurantes (alguns dos quais com serviço de entregas ao domicílio), esta dupla vai ser, sem dúvida, uma das boas companhias para estes dias de quarentena. Para beber a solo ou a acompanhar uma boa refeição: o branco com peixes, mariscos e saladas; e o tinto com pratos de carne, massas e queijos.
Do Douro, são vinhos com uma excelente relação preço/qualidade (€5,49). De recordar que ‘Evel’ branco e tinto já figuraram na lista de vinhos ‘Top 100 Best Values’ da Wine Spectator, tendo, para tal, passado por uma rigorosa selecção por parte do grupo de provadores da prestigiada revista norte-americana.
Evel branco 2019
Feito a quatro castas, a enologia da Real Companhia Velha volta a reunir no blend do ‘Evel branco 2019’ Viosinho, Rabigato, Fernão Pires e Moscatel. É um vinho limpo, brilhante e com uma intensa cor citrina. No aroma, é jovem e muito frutado, com realce da fruta branca, mas presença de notas florais e nuances vegetais. Sem estágio em madeira, tem uma acidez excelente e crocante, que proporciona um bom equilíbrio e que muito contribui para um final longo e fresco. Um branco que revela a essência do terroir, a Quinta do Casal da Granja, no planalto de Alijó, local de clima ameno e brisas frescas, que preservam a frescura necessária a este tipo de brancos, mais jovens e apetecíveis em vários momentos de consumo.
Evel tinto 2017
O ano de 2017 vai certamente ficar na memória dos vinhos do Douro (e Porto). Foi um ano atípico, mas que, associado a uma colheita oportuna, proporcionou vinhos de grande qualidade. O ‘Evel 2017’ é um típico tinto do Douro. Feito com duas Tourigas (Nacional e Franca) e Tinta Roriz, apresenta uma cor rubi e a presença de frutos bem maduros, complexados por nuances vegetais, bem típicos da região, e leves toques de baunilha, provenientes do estágio em madeira. Redondo no paladar, tem uma excelente estrutura e taninos suaves, proporcionando um final frutado e persistente.
Os tempos são de recolhimento e de reflexão. Pede-se que fiquemos em casa, mas urge continuarmos a viver e manter a economia em funcionamento. O país e o Mundo não podem parar. O vinho, não sendo um bem essencial, é sempre uma boa companhia. E, nos últimos anos, o sector vitivinícola tem sido fundamental para a performance positiva do país. Vamos ajudar o sector!
Vinhos do Tejo para descobrir e apreciar com calma
A pensar nestes dias de recato e, em especial na Páscoa, a “marca” Vinhos do Tejo – em representação da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, associação interprofissional que representa a produção e o comércio do sector vitivinícola da região – sugere um conjunto de seis néctares, que primam pelo uso de uvas de Fernão Pires, a casta (branca) mais plantada e expressiva do Tejo. Um selecção ecléctica, em que três são de blend e, nos outros três, a casta se apresenta em estreme.
Neste branco de 2018 a casta Fernão Pires não está sozinha, fazendo-se acompanhar da autóctone Trincadeira das Pratas – em desuso – e do Arinto – a casta branca mais plantada em Portugal. O resultado, é um vinho fresco e frutado, ideal para momentos de consumo descomplicados, com ou sem gastronomia. É um branco de cor citrina, aromas florais e de fruta tropical, que deixa na boca uma sensação agradável de frescura. Tem 12,5% de álcool, factor que convida à degustação a solo, em dias de sol e calor. Tem a assinatura do grupo Parras Wines, que recentemente apostou na região do Tejo, mas cuja sabedoria vínica é muita (na região vizinha de Lisboa), e a enologia está a cargo da dupla António Ventura e Carlos Eduardo.
O segundo vinho também é de lote, o que significa que a casta Fernão Pires tem companhia, desta feita com a internacional Chardonnay. Nota para o facto de ser um Grande Escolha, no qual o produtor seleccionou as uvas na vinha, colheu-as à mão e fermentou e estagiou parte do lote (60%) em madeira – cascos de carvalho francês e americano – durante sete meses. Um branco de cor palha aberto, devido à maceração pelicular e ao estágio em barricas, e notas tropicais de manga, banana e maracujá. É um vinho com corpo, untuosidade, frescura e final muito persistente. Acompanha bem pratos de peixe condimentados ou carne, dada a sua boa estrutura.
Fernão Pires junta-se às castas Arinto, Chardonnay e Moscatel para darem corpo a este novo vinho do Tejo, da autoria do produtor com o mesmo nome: Escaravelho (Wines). Um branco de aromas florais e cítricos exuberantes. Na boca revela-se fresco e citrino, muito delicado e com um bom volume de boca a equilibrar a acidez. Com estágio em inox, é um vinho que casa bem com peixe, bacalhau e marisco cozidos, assim como com peixe magro grelhado (linguado, robalo e sargo), mousse/soufflé de peixe e de marisco; arroz de peixe; carnes brancas grelhadas; saladas; tortilhas e omeletas.
Sigamos para os vinhos feitos com 100% Fernão Pires, como é o caso do ‘A.C.A. Fernão Pires branco’, uma prazerosa novidade da Adega Almeirim. As uvas que dão origem ao ‘A.C.A.’ têm origem numa Vinha Velha da Charneca ribatejana, implementada em solos pobres de natureza arenosa. Uma cuidada fermentação, em barricas de carvalho francês e temperatura controlada, e uma “batonnage” sobre borras finas durante 45 dias, deu origem a este branco de cor citrina, aromas de frutos de polpa branca e notas de flor de laranjeira. Na boca, revela um excelente equilíbrio com acidez fina e crepitante, mostrando-se longevo e com notas complexas no final de boca. Bastante versátil, é um bom acompanhamento para queijos de pasta mole, peixes no forno condimentados, bacalhau com natas e nossa famosa sopa da pedra.
Se o anterior é uma novidade, o ‘1836 Grande Reserva branco 2017’ é um clássico quando falamos de monocastas de Fernão Pires, também ele de Vinha Velha. Com assinatura da conceituada Companhia das Lezírias, estamos perante um branco de aspecto límpido e cor amarelo esverdeado, a lembrar o local onde está instalada a vinha que lhe dá origem: no meio da floresta. Este é um vinho que exprime ao máximo o terroir de onde provém e o que, gratuitamente, a natureza nos oferece. No nariz, é elegante e revela notas de tangerina e limão, num conjunto mineral. No palato, é envolvente, tem uma acidez natural apelativa e um final persistente. Ideal para pratos de bacalhau e outros peixes ao forno. Pode também acompanhar diversas carnes brancas e queijos de pasta mole.
Vinho: Quinta da Alorna Abafado 5 Years branco 2013
As uvas de Fernão Pires são, de tal maneira, adaptáveis, que dão também origem a vinhos de sobremesa: os chamados licorosos. Em cima da “mesa” está um ‘Abafado’ com estágio durante 5 anos em barricas de carvalho usadas, da autoria da enóloga Martta Reis Simões para a Quinta da Alorna, ideal para acompanhar com laranja em calda, leite creme, pastel de natal e o ribatejano pampilhos. É também um agradável digestivo, sempre servido a 8.ºC. Um branco de cor aloirada, tipo casca de cebola, com aroma a mel, frutos secos (figo e amêndoa), caramelo e torrefação. No paladar apresenta uma textura suave, equilibrando as sensações de frescura e doçura. O final de boca é persistente, perdurando a presença de frutos secos.